Arquivo da tag: Delicadeza

Em uma casa sem tv e com a vida mais leve…

_DSC10376 Vivemos em uma casa sem tv.

E sinceramente, acredito que foi uma ótima escolha feita por mim e pelo Inácio. Nós não conseguimos perceber pontos positivos suficientes para se manter uma tv em casa. Não é somente pela Eleonora que tomamos essa decisão, foi por nós também.
Sem querer parecer ridiculamente dramática, mas já correndo o risco de parecer, o fato é que sou demasiadamente sensível às notícias ruins  e claro, ao estado de pânico que a mídia tanto faz questão de proferir. Perco o fôlego, perco o apetite, e muitas vezes, perco o ânimo ao ver certas notícias.
E em relação ao aspecto negativo da tv, não vejo escapatória a não ser “cortar o mal pela raiz”. O que quero dizer é que não adianta correr para as maravilhas da tv por assinatura, pois  lá também, assim como na tv aberta, você fica exposto a muita coisa inútil sem nenhum fim “somatório” para a vida. Não que eu esteja ignorando o mundo, tampouco esteja me tornando indiferente a ele, o ponto crucial é que sempre tento tomar a vida da maneira mais delicada possível, e infelizmente, em boa parte do tempo, a mídia mostra apenas o lado cruel da vida.
Não nego que dependendo do canal ou do programa, você descobre e aprende coisas proveitosas que sabe-se lá quando você iria saber sobre. Porém, ainda sim, isso não foi um ponto positivo suficiente para nos convencermos a voltarmos atrás quanto a nossa postura “radical” sobre a tv.
Confesso que sinto falta (e nem é tão grande assim) apenas de UM canal, que é o Arte 1, onde eu assistia documentários, matérias e filmes interessantíssimos.

Não tenho absolutamente nada contra quem assiste tv todos os dias, ou por quem deseja ter o  maior e mais moderno televisor do momento. A questão é que aqui em casa, não temos tv, não queremos uma, e o melhor, não sentimos a menor falta dela._DSC0285 _DSC0305E sinceramente, adoro o fato de não ter que conviver com o barulho incessante da tv, assim como adoro usar os furos na parede onde antes tinha o suporte para ela  (acredito eu), para pendurar meu tão adorado poster do Woody Allen (o melhor!) e um quadro que vivo trocando a imagem.

Obs: Caramba, tinha muito, muito tempo que não passava por aqui…

Tenham todos uma linda semana

Prefiro a delicadeza.

sob copyUltimamente tenho ouvido falar muito sobre “Espírito de liderança”, e confesso que toda vez que ouço isso, torço o nariz. O que seria ao certo esse “espírito de liderança”? E por qual razão eu, ou  fulano deveria ter esse tal “espírito”? E se eu escolho levar uma vida em delicadeza, sem a menor pretensão de liderar ninguém ou um grupo, isso me tornaria automaticamente uma pessoa “fraca”?

Definitivamente, se tem algo que não pretendo ensinar sistematicamente para milha filha é “Como ser líder”, tampouco, pretendo comprar livros de autoajuda que descrevem manuais de “como se tornar um vencedor na vida”.
Pretendo fazer com que a Eleonora seja uma constante observadora e apreciadora da vida, e que a pesar de a vida não ser fácil e ter várias facetas tristes, ela , ainda sim, continua sendo bela, em todos os detalhes. Do esplêndido, como borboletas que dançam em torno das flores em uma manhã de terça-feira, ao banal, como o poste de luz e fiação elétrica contra o céu.

Já falei um pouco sobre isso aqui no blog, e volto a falar porque sempre me pego pensando no quanto a palavra delicadeza quase não faz parte do vocabulário das pessoas, enquanto liderança, essa eu ouço aos montes…

Enfim, devaneios em palavras, devaneios em imagem…sob1sob3sob4As fotos acima foram todas feitas no campus Samambaia, UFG, onde estudo. Já falei por aqui que estudo em um campus lindo.

sob5

Um sapatinho de lã, uma carta e um livro de poesias

lp01

Certo dia, chegou em minha casa, atravéz dos correios uma caixa com surpresas.

Dentro da caixa, havia um sapatinho vermelho de lã, uma carta com palavras lindíssimas para Eleonora e um livro de poesias. Na carta destinada à Eleonora, entre tantas outras palavras bonitas, havia o relato que o desejo inicial da remetente era comprar o livro Água viva da Clarice Lispector, no entanto, ela não conseguiu encontrar o livro em lojas de livros usados (ela fazia questão que o livro fosse usado, pois livros usados contém um passado, portanto, outras histórias, coisa que os livros novos não tem, e eu simplesmente me encantei com essa observação), então, por fim, comprou um livro de poesias para que eu desenhasse nele, pois ela gosta dos meus desenhos em livros. E por fim, eu fui ler o livro Àgua viva, nunca tinha lido esse da Clarice. Me envolvi de tal forma com o livro, que um dia cheguei a dizer para um professor de fotografia que através desse livro eu fui levada a algum lugar, completamente surreal, e para ser sincera, não sei se voltei, até hoje não sei…

Eu nem preciso dizer que me senti profundamente tocada por esse ato, é de uma sensibilidade indescritível… É o tipo de acontecimento que traz uma leveza e um encantamento para o seu cotidiano de maneira quase mágica. Se eu fosse descrever o sentimento que vivenciei quando li a carta, vi o sapatinho de lã e o livro de poesias, a descrição seria no mínimo infiel. Como não sou boa com as palavras e tão pouco, boa em descrever o que sinto, me sastifaço com a experência de ter podido receber uma surpresa tão linda em um dia tão banal.

Paula, aqui está o primeiro desenho que fiz no livro Poesia Reunida de Denise Emmer. Não conhecia a autora, mas também, não conheço muito de poesia, porém, aprecio bem as que tenho oportunidade de ler.

Saiba que li a carta em voz alta para a Eleonora, li no mesmo dia que a recebemos, e tenha certeza que um dia a Eleonora a lerá também.

Obrigada pela sensibilidade e pela beleza do ato. Simplesmente Obrigada!

lp03lp04

Desejo a todos um lindo dia.

É preciso forçar um pouco para continuar a ver beleza nos dias.

pf1pf2

Em tempos de tanta violência gratuita, quando mal  pode permitir-se sair para ver o por do sol  por medo de alguma coisa ruim acontecer, me apego cada vez mais a beleza “escondida” no cotidiano, na banalidade da simplicidade….

Assim, ainda consigo ver a vida como um belo espetáculo de todos os dias.

Tenham todos um lindo dia.